Lembro-me de ter lido em algum lugar que o amor é como o mar. Frase que despertou em mim muitas curiosidades e me fez refletir. Amor é mar, profundo. Amor é mar, muitas vezes agitado. Amor é mar, lindo, mas traz consigo muitos perigos.
Amar é como tomar banho de mar. Você pode apenas molhar os pés, ou entrar a fundo. Sempre acabo por me afogar. Como uma criança teimosa, que sempre quer ir um pouco mais fundo, mesmo conhecendo seus limites: apenas a beira. O fundo do mar é um perigo para uma criança de um pouco mais de um metro de altura que ainda não aprendeu a nadar. Assim como o amor é um perigo para mim, que ainda não aprendi a amar.
A questão é que nunca vejo limites no amor, assim como uma criança no mar. E não, eu não sei nadar. Eu não sei lidar com os perigos do mar, com a agitação. Não sei agir quando as ondas grandes vêm. Eu ainda não aprendi a passar por cima delas. Outra coisa que não aprendi é a lidar com gente que gosta apenas de molhar os pés. Diz-me, qual a graça? A beira é tão pouco comparada à infinidade do mar. A beira nem bonita é comparada à sua infinidade.
Eu gosto mesmo é de molhar-me por inteira. Afogar-me nessa mistura de beleza e perigo que é o mar, e que também é o amor. Tentação para quem, assim como eu, gosta de correr perigo. Admito que até possa ser um pouco descuidada quando o assunto é amar e tomar banho de mar, mas é que, para mim, a beleza disso tudo está justamente lá no fundo. É lá que mora a intensidade e as coisas bonitas do mundo.
Acho que o meu amor não concorda, porque vejo que ele permanece imóvel lá na beira. Eu só espero que ele se acostume com esse meu exagero no amor e no mar, e acabe por querer exagerar também. Espero que, dessa vez, as ondas grandes não cheguem ou, pelo menos, não o levem para longe. Espero que o mar se acalme, que a bandeira do salva-vidas milagrosamente fique branca. Espero que ele perceba que não tem motivos para temer meu exagero com o amor e o mar, porque mal algum lhe fará. Perceba que, se nos afogarmos juntos, não será uma forma de nos matarmos; afinal, pensando bem, o amor tem lá suas diferenças do mar. E sei que assim, juntos, nós poderemos enfrentar qualquer tsunami, ir até as profundezas sem medo algum, apenas com a segurança de termos um ao outro. Eu espero que ele fique porque quer ficar. E que, apesar de tudo, não tenha medo do mar.