Radioatividade e Biologia: o que aprendo com isso?

 A semana dedicada aos cursos técnicos na Fundação Liberato é sempre um momento esperado pelos estudantes e também pelos professores. Esperado porque o curso sai da rotina e se depara com intensa aprendizagem. Assim é no Curso Técnico de Química – CTQ, quando os alunos dedicam-se a palestras, minicursos e oficinas, e também a momentos de lazer.

Uma das nossas aulas de Biologia, com a turma 1212, foi contemplada com uma palestra, com um título e assunto que, no mínimo, remetem à curiosidade: o que tem a ver comigo e minha vida e… o que isso tem a ver com Biologia? Propus aos alunos essa reflexão, inclusive de forma descritiva, produzindo uma redação. Degustei o resultado! Sim, confesso que gostaria de publicar várias produções textuais dessa turma, mas logo abaixo seguem duas para apreciação!

Curtam e aprendam junto!!!

Jaqueline Brummelhaus Professora de Biologia Fundação Liberato

Jaqueline Brummelhaus
Professora de Biologia
Fundação Liberato

 

 

A RADIAÇÃO E O COTIDIANO

Aluna Ana Giulia Gonçalves
Fundação Liberato

No dia 22 de junho, quinta-feira, ocorreu, no auditório da Fundação Liberato, uma palestra referente à radioatividade, ministrada pela Profa. Dra. Tania Miskinis Salgado. A palestra intitulada “Radiações: o que temos a ver com isso?” foi um dos eventos da semana do Químico, celebrada pelos membros do CTQ da Liberato. A palestrante apresentou vários dados de conceitos, definição e aplicação da radiação.

A radioatividade, segundo a Dra. Tania, é um fenômeno nuclear contínuo, podendo ser natural ou artificial. As frequências da radiação são representadas pelo espectro eletromagnético que se divide entre radiações ionizantes e não-ionizantes. As ondas de comprimento maior que as ondas visíveis não são ionizantes, enquanto as de menor o são, tendo como exemplos respectivamente, as micro-ondas e os raios gama.

A palestrante mostrou também que, ao contrário do que se pensa, a radiação não é algo exclusivo de usinas nucleares, mas que ela se encontra em todo e qualquer ambiente, em graus variados, o que se chama de radiação de fundo. Raios cósmicos vindos de fora da Terra (principalmente, do Sol); a composição natural do solo, com Urânio e outras substâncias que liberam raios beta e alfa, assim como a presença de carbono 14, potássio 40 e trítio, na formação do próprio corpo humano, são as principais fontes que compõem a radiação de fundo.

Como foi citado na palestra, a radiação possui inúmeras aplicações, tanto na área médica quanto na biológica. Na Biologia, pode ser utilizada na identificação de processos nos seres vivos, por exemplo, em estudos de transporte de substâncias em plantas, em que se quer determinar a localização dos carboidratos e seu trajeto dentro delas. Para isso, marca-se o CO2 absorvido pela planta com traçadores radioativos e, em seguida, é realizada uma autorradiografia para, se localizar o carboidrato. A radiação também é usada como método alternativo à pasteurização a frio, para impedir o crescimento de fungos e bactérias em alimentos.

Na Medicina, a aplicação mais significativa mostra-se no uso da radiação para destruir tumores, a conhecida radioterapia, empregada no tratamento do câncer. O processo é realizado com Cs137,  Co60  ou outras substâncias emissoras de raios gama  que agem danificando o DNA das células. Também encontram-se certos isótopos reativos, chamados de radiotraçadores, em procedimentos médicos como a cintilografia, em que é inserida uma pequena quantidade de material radioativo no organismo do paciente, para se observar a condição de seus órgãos internos.

A experiência de conhecer um pouco mais sobre radiações e suas aplicações foi interessante para desmistificar o que se associa de ruim à radioatividade, principalmente, com o fato de que ela está presente em todos os locais naturalmente. Ampliou também a visão quanto às suas aplicações na vida diária e de como foi seu processo de descoberta, a incorporação de novas técnicas em diversas áreas, envolvendo materiais radioativos. Em suma, foi uma palestra de muita relevância, que foi muito aproveitada pelos futuros químicos prestigiados com ela.

 

PALESTRA SOBRE RADIAÇÕES

Aluno Lucas Klement Reinehr
Fundação Liberato

Na manhã da quinta-feira, dia 22 de junho, a Dra. Tania Salgado, professora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, esteve presente no auditório da Liberato, para fazer uma palestra sobre radiações, na Semana do Químico 2017. Durante sua apresentação, ela descreveu o processo da descoberta da radiação, os tipos de radiação e falou sobre seus usos e efeitos na saúde.

Radiação são ondas ou partículas liberadas por um material. Ela foi observada, pela primeira vez, por Antoine Becquerel enquanto estudava o urânio, e foi depois estudada por Marie Curie, que descobriu dois novos elementos radioativos. Entre eles, estava o rádio, que empresta seu nome ao fenômeno.

Existem vários tipos de radiações, entre elas, a alfa, a beta e a gama. Essas radiações são caracterizadas pelo fato de serem ionizantes, ou seja, por terem a capacidade de causar a ionização de átomos pela expulsão de elétrons. Enquanto as radiações alfa e beta são compostas por partículas, a gama é uma onda eletromagnética, de alta frequência e energia. Ondas de menor frequência têm propriedades diferentes: existem, por exemplo, os Raios-X, o espectro visível de cores e as ondas de rádio, em ordem decrescente de frequência.

Em seres vivos, as radiações ionizantes têm a capacidade de causar danos às células, fazendo com que se reproduzam de maneira anômala, causando cânceres e outras doenças. Em alguns casos, a radiação causa alterações no código genético do atingido, podendo causar mutações que têm a possibilidade de serem transmitidas para as futuras gerações.

A radiação também é utilizada para fins positivos. Ondas no espectro visível permitem-nos enxergar as cores, e a luz e o calor irradiados pelo sol permitem a existência de vida na Terra. Seu uso controlado é feito diariamente no mundo inteiro, nas indústrias de medicina, alimentação, geração de energia e outras.

Durante sua palestra, a Dra. Tania falou sobre os efeitos negativos da radiação, assim como os positivos. O efeito da radiação ionizante no corpo humano é medido em Sieverts, que corresponde a um joule por quilograma. Uma dose de cerca de 500 mSv é suficiente para causar alterações na composição sanguínea de uma pessoa, 1 Sv causa vômitos, e quantidades superiores a 10 Sv trazem uma grande chance de morte, mesmo com cuidados médicos apropriados.

Quanto aos seus usos benéficos, foi mencionado seu uso para o aquecimento de alimentos com micro-ondas, que têm baixa frequência e grande comprimento de onda, assim como as de rádio, que são usadas para transmitir informação sobre longas distâncias na velocidade da luz. Uma consequência da radiação alfa, o decaimento radioativo, é usado para medir a idade de objetos, usando técnicas como a datação do carbono-14, e nos permitem descobrir novos aspectos sobre o mundo do passado. Os Raios-X são usados no mundo inteiro, em cirurgias intrusivas, para facilitar o trabalho dos médicos na hora de operar órgãos internos. Até mesmo a capacidade destrutiva da radiação é utilizada para o bem, tanto na indústria de alimentos, que a usa para destruir bactérias que estragam os alimentos, quanto na área médica, que usa tratamentos como a radioterapia para destruir células tumorais.

O principal objetivo atingido pela palestra foi a desmitificação da radiação. Ela é, normalmente, vista como algo ruim, perigoso, e cujo uso em usinas nucleares, nos fornos de micro-ondas, nas torres de rádio e em outros lugares é algo para ser evitado. Ao longo da apresentação, foi mostrado que o uso humano da radiação não tem os efeitos negativos que muitos associam a ela, e que até mesmo radiações de fontes inesperadas, como as provenientes do próprio corpo humano constituem a maior parte do “consumo” anual de radiação de uma pessoa normal.

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