Sobre nós e os outros nós: Recordações tecidas em um percurso de 50 anos da Liberato

TALVEZ SEJA POSSÍVEL ADMITIR QUE UM NÚMERO ENORME DE LEMBRANÇAS REAPAREÇA PORQUE OS OUTROS NOS FAZEM RECORDÁ-LAS.” HALBWACHS.

A experiência de escrever coletivamente sobre a história de uma escola que completa 50 anos de reconhecimento não só lançou os organizadores do livro da Fundação Liberato a uma aventura surpreendente diante de descobertas de curiosidades e informações, como também proporcionou um convívio intenso ao grupo que assumiu essa responsabilidade. Agora, após a consolidação do registro da vida dessa Instituição inquestionável, gostaríamos de compartilhar a metodologia de trabalho escolhida a partir da definição conceitual dessa obra e, quem sabe, assim, contribuir com outras publicações similares.

Tudo começou em 2015, quando a Direção Executiva, procurando realizar um sonho antigo, solicitou a elaboração de um livro institucional, tendo em vista o aniversário dos 50 anos da Fundação Liberato, no dia 12 de abril de 2017. A partir daí, foi constituído um grupo de trabalho interno composto por seus servidores. Desde o início, essa equipe teve o entendimento de que seria importante desenvolver um método de trabalho participativo no que se refere à escrita dos textos, envolvendo vários segmentos da Instituição e sempre respeitando a sua cultura.

A intenção do grupo foi organizar um livro que tivesse um projeto editorial com mais leveza, explorando, para tanto, muita imagem, sem prejuízo da seriedade e do rigor histórico. A proposta de trabalho foi apresentada em diversas reuniões, contando com a presença dos servidores, dos Coordenadores de Cursos, do Conselho Técnico Deliberativo, dos ex-Diretores Executivos, da Direção, das entidades representativas da comunidade escolar, e dos professores de Língua Portuguesa e dos de História. Nesses momentos, buscava-se sensibilizar a todos quanto à relevância do projeto para a Instituição e à importância do comprometimento coletivo com o trabalho.

Após a análise de um conjunto de publicações que serviram como base de referência estética e estrutural do livro, fomos em busca de material para o seu conteúdo e daí nos demos conta daquilo que prevíamos que iria acontecer, ou seja, tinha muita informação para caber numa obra que deveria ter, no máximo, 220 páginas. Havia histórias que iam desde o período da luta pela vinda da escola para Novo Hamburgo, passando pelo conjunto de ações que acompanharam a sua trajetória de implantação até o momento presente, e consolidaram o diferencial de qualidade institucional, incluindo novas possibilidades para o futuro. Valemo-nos da poesia de Carmelo Distante quando afirma que, “Não existirá um porvir verdadeiro para humanidade […] se o futuro não tiver um ‘coração antigo’ […] se o futuro não se basear na memória do passado”. Contemplar tudo isso com a presença de muitas imagens, antigas e atuais, para realizar o projeto original era o desafio do grupo.

Foram entrevistadas pessoas da comunidade que acompanharam o início da implantação da Liberato, reunidos documentos, selecionadas informações, alinhadas orientações sobre os estilos e os tamanhos dos textos, escolhidas imagens que retratassem momentos e lugares, feitas e refeitas as revisões gramaticais finais. O livro reúne textos autorais e textos elaborados por coletivos internos da Instituição que serviram como subsídios à redação final feita pelo grupo editorial.

Em paralelo ao trabalho de organizar o conteúdo da obra, tivemos uma importante experiência no que diz respeito ao processo de aprendizagem no âmbito do próprio grupo executivo. A convivência de trabalho envolveu várias discussões que revelaram diferenças de opiniões e de concepções, exigindo sensibilidade para as mediações necessárias ao estabelecimento de consensos para seguir adiante. O resultado de todas essas etapas vividas foi muito significativo, tanto para o crescimento do grupo quanto, em especial, para a publicação do primeiro livro da Fundação Liberato. O livro, escrito por diversas mãos, conseguiu representar a instituição plural e diversificada que é a Fundação Liberato. Os textos são ricos em detalhes, mostrando a Escola nas suas diferentes maneiras de ser que constituem a fortaleza de sua identidade.

O grupo sempre teve a clareza de que o livro não contaria uma história ou a história da Liberato, mas reuniria um conjunto de textos para contar algumas histórias de sua trajetória exitosa de meio século de existência. Nunca tivemos a pretensão de contar tudo, mas contamos um pouco. Um pouco que vai se multiplicar e se tornar muito dentro de cada um.

Ana Izabel dos Santos Fernandes
Carmem Maria Ribeiro Bica Beltrame
Dennis Messa da Silva
José Edimar de Souza
Marcelo Filimberti
Maria Inês Utzig Zulke
Rogéria Silveira Pacheco
Fundação Liberato

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