O Romantismo no Brasil desenvolveu-se na segunda metade do século XIX, e o gênero literário que se destacou, primeiramente, foi o lírico. Ou seja, a poesia. Destacam-se poetas como Gonçalves Dias, pertencente à tendência Nacionalista-Indianista,1ª Fase; Álvares de Azevedo em seu Ultrarromantismo 2ª Fase e na 3ª Fase, Castro Alves. Havia, por parte dos intelectuais da época, dos escritores e poetas, a busca por uma ideologia nacionalista, legitimando a natureza e o índio, representações de um Brasil antes da colonização. Na 2ª Fase, herdeiros de uma tendência pessimista, cujo representante fora Lord Byron, na Europa e Álvares de Azevedo, no Brasil, foram poetas que buscaram na infância, no sonho, no delírio ou na morte a fuga da realidade ao contrário do que fizeram seus antecessores da 1ª Fase, que destacaram em seus textos o passado histórico dos tempos do descobrimento. Diferente, embora ainda romântico, Castro Alves lutará contra a escravidão, levando para as ruas declamações públicas de seus textos. Esse poeta destacou-se, também, no lirismo, descrevendo o amor de forma mais realista e a mulher próxima do ser enamorado; bem ao contrário dos poetas da 2ª Fase do Romantismo. Conhecido como Poeta dos Escravos, Castro Alves, ficará famoso, por conta de um de seus mais conhecidos poemas: Navio Negreiro.
Acredita-se que o ensino de Literatura Brasileira no Ensino Médio integrado ao Curso Técnico Profissional seja mais efetivo se for proposto ao aluno que “aplique ” as informações sobre os diferentes estilos literários na execução de trabalhos em grupo como: elaboração de vídeos, exposição de slides, criação de páginas de Facebook, preparação de seminários, realização de peças de teatro e outros tipos de tarefas realizadas pelas turmas ao longo desses anos em que ministro Português e Literatura nos 2º anos do Curso de Eletrotécnica. Há, em conformidade a um plano de trabalho, competências a serem desenvolvidas de Leitura e Interpretação de textos literários, priorizando-se, entre outros os gêneros literários, o lírico (poesia) e o romance (narrativa) de um período de nossa Literatura que abrange do Romantismo ao Simbolismo.
Ao fazer o aluno usar as informações sobre esses estilos de época na execução de trabalhos em grupo, procuro, não somente que ele domine tais informações mas que desenvolva competências sobre o uso da língua em suas diferentes instâncias enunciativas. Diante dos colegas, o grupo deverá apresentar um vídeo ou uma página de Facebook, ou ainda, slides atendendo às exigências linguísticas que correspondem a esse contexto enunciativo das mídias. O grupo, nesse momento, demonstra o que aprendeu na análise de um Estilo Literário.
Sob uma perspectiva de um ensino mais prático no desenvolvimento das aulas de Literatura, no início deste ano, propus aos alunos que, distribuídos, em grupos, fizessem um trabalho cujo objetivo principal era identificar os aspectos característicos da poesia do Romantismo no Brasil. Através de um sorteio, foi-lhes apresentado diferentes tipos de trabalhos cujo exercício era : comparar uma poesia do Romantismo com uma poesia da atualidade sob o viés nacionalista; ou ainda, comparar a situação do negro nos poemas de Castro Alves e em poemas da Atualidade; elaborar um roteiro de vídeo sobre a vida e obra de poetas; analisar a letra de uma música contemporânea, buscando aspectos do ultrarromantismo; comparar textos de poetas da 2ª fase (ultrarromântica) com os da 3ª, orientando-se pela forma como a mulher era descrita pelo “eu” lírico dos poemas desse período; criar um painel, indicando as fases do Romantismo e seus poetas, obras e aspectos que as diferenciam; apresentar o enredo de uma obra em prosa cuja temática contemplasse aspectos do ultrarromantismo, etc. Após uma semana de pesquisa, os alunos deveriam apresentar seus trabalhos, usando as informações desse período literário, em vídeos, slides e cartazes. Antes, apresentei o Contexto do Romantismo na Europa e no Brasil, a fim de que situassem, no tempo e no espaço, a tendência que fora herdada dos europeus e adaptada ao Brasil, país recém-independente de Portugal.
Com base nas informações pesquisadas, os grupos deveriam apresentar os trabalhos, enfrentando, o que para muitos é um desafio, o estudo da poesia do Romantismo de Época contextualizado nos dias de hoje.
Os pareceres abaixo são depoimentos de avaliação de alunos que participaram desse projeto. Seguem um exemplo de cada uma das turmas envolvidas.
“Aprendemos de uma maneira mais dinâmica e eficiente. Conhecemos mais sobre a vida e as obras de pessoas que foram importantíssimas para o Romantismo no Brasil. Desenvolvemos, também, a criatividade produzindo o vídeo e o espírito de equipe do trabalho em grupo, apesar de todas as desavenças. Exercitamos também a dicção, o uso do software Photoshop e edição de vídeos.
Aprendemos de forma mais divertida sobre a vida de Gonçalves Dias, em que diante de uma história triste, procuramos apresentá-la de uma forma não trágica ou entediante.” (Alunos da Turma 2211).
“O trabalho contribui muito para nosso aprendizado. Como é uma pesquisa administrada por nós mesmos, levamos mais a fundo e pesquisamos além daquilo que nos é proporcionado. Temos mais interesse por aquilo que nos é apresentado. No nosso caso, foi a construção de um painel com as três fases do Romantismo.
É gratificante trabalhar em grupo com pessoas que se interessam pelo assunto e são esforçadas, além de termos enfrentado alguns problemas, tentamos corrigi-los e esperamos que no próximo seja feito de forma completamente correta.” (Alunos da Turma 2212).
“O trabalho contribuiu positivamente para a compreensão das fases do Romantismo, pois, mesmo que o nosso trabalho tenha sido só sobre a terceira fase, acabamos nos aprofundando no assunto e compreendendo ainda mais o contexto histórico do Romantismo, os autores e os poemas que mais se destacaram em todas as três fases, mas principalmente da terceira fase, por ser a que abordava a questão dos negros no Brasil.” (Alunos da Turma 2223).
Márcia Bratkowski Kossmann
Professora de Língua Portuguesa e Literatura
Fundação Liberato