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Sol entre Nuvens (Capital Inicial): Música relativamente nova da velha guarda do rock brasileiro, entrelaça na sua letra enredos de dúvidas típicas de quem está… vivo! O sol e as nuvens, o bem e o mal, uma sonoridade densa, então começamos “fingindo que nós sabemos onde ir”…
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Moonlight mile (Rolling Stones): … e vamos a um passado onde os jovens Jagger e Richards nos brindam com obra-prima que ilumina uma noite gelada. Apenas mais um dia louco, louco na estrada, a noite enluarada… a volta pra casa. O solo marcado de guitarra que se funde com um uma orquestra numa evolução fantástica! Pouco conhecida e sempre uma das minhas favoritas dos dinossauros do rock para degustar na estação do frio.
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Tardes de outono (Rosa Tattooada): Colocando um pouco mais de peso nas guitarras, a relação entre um romance rompido com as folhas que secam nesta estação… um rock dos bons aqui da aldeia.
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Behind blue eyes (The Who): “Ninguém sabe como é ser o homem mau e triste por trás desses olhos azuis (…) mas meus sonhos não são vazios, como minha consciência parece ser”. Essa canção mergulha num universo que expressa mágoas e solidão. A versão dos anos 2000 de Limp Bizkit, apesar de interessante, deixou de fora o peso da parte final da versão original, que é, na minha opinião um ponto alto da composição, com a “chacoalhada” que consolida seu conteúdo.
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Derivacivilização (Ian Ramil): Guitarras distorcidas, bateria feroz e um vocal vigoroso dizem muito, em letras breves, já que “as coisas não ditas apodrecem em nós”. Construção genial, com o “já vai passar” como aquele pensamento repetitivo que apaziguador no meio do tumulto. Mas nessa música, o peso só evolui, sem retroceder.
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Zombie (Bad Wolves): Essa versão é uma homenagem à Dolores O’Riordan, morta precocemente em janeiro deste ano, que compôs esse pesado hino contra a violência que assassinou duas crianças irlandesas em um atentado terrorista nos anos 90. “E a violência causou esse silêncio”…
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A Revolta dos Dandis II (Engenheiros do Hawaii): Há mais de 30 anos do lançamento desta música, tenho a impressão de que “nossos sonhos são os mesmos há muito tempo, mas não há mais muito tempo pra sonhar”, no meio da confusão onde o discernimento é um dos grandes desafios.
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Bola de meia, bola de gude (Banda de Boca): E para continuar sonhando, saio um pouco do rock para chamar uma daquelas que lembram das coisas mais importantes, que se aprendem no jardim de infância, nas brincadeiras, nos quintais. O solidário não é solidão… que venha do coração aquele menino que dá a mão para salvar-nos dos que aceitam sossegados qualquer sacanagem como “coisa normal”. Essa versão tem a atração especial de ser produzida pela banda que não utiliza nenhum instrumento musical.
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Sonhos verdes (Detonautas): Mais um pouco de sonhos, “temos que acreditar que realmente algo mudou, mesmo que seja dentro de nós”. Mais um pouco de alento, em bom som.
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Até aqui (Duca Leindecker e Thiago Iorc): “No infinito da memória, ainda sou herói que vem pra te salvar”. Uma pérola que reúne duas gerações de talentos daqui do RS (o clipe dessa música foi gravado no Teatro Feevale).
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Amora (Thiago Ramil): Como não se comover com sonhos de criança? Mas imaginar o sonho de um pé de amora que assiste ao balé de uma menina que passa… isso não é para qualquer poeta. Sensacional.
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Velha roupa colorida (Belchior): No fim das contas, “precisamos todos rejuvenescer”. Essa é uma entre centenas desse gênio – que já havia abandonado a música há tempos e nos deixou em definitivo ano passado – que poderiam estar aqui para trazer simplicidade não convencional, leveza… e “o passado, nunca mais”!
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Castanho (Lenine): Para fechar a lista, mais um poeta nordestino. “O que eu sou, eu sou em paz. Não cheguei, não cheguei sozinho”. E não vou sozinho. Essa edição da Expressão Digital e essa playlist vem para nos aproximar.
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