Relato: Coletivo Feminista da Fundação Liberato: um espaço de luta e de igualdade

Coletivo Feminista da Fundação Liberato

Coletivo Feminista da Fundação Liberato

 

O feminismo é um movimento que tem como objetivo proporcionar direitos equivalentes para homens e mulheres. Busca-se isso a partir do empoderamento feminino, levando as mulheres a tomarem poder de si mesmas, para, assim, conquistarmos a equidade de gênero. No discurso, parece simples, mas a realidade não é bem assim. O feminismo teve sua ascensão no século XIX; porém as mulheres ainda enfrentam diversos tipos de machismos no seu cotidiano, e não é diferente com as alunas da Fundação Liberato.

O nosso Coletivo Feminista surgiu há, aproximadamente, três anos. Algumas alunas perceberam a falta de um grupo que falasse abertamente sobre o machismo sofrido na escola e fora dela e, assim, resolveram criar o Coletivo. Hoje, contamos com aproximadamente 450 mulheres, que perceberam os preconceitos a seu redor e resolveram fazer algo para enfraquecer o machismo presente na estrutura da nossa sociedade.  Essas mulheres lutam por um espaço igualitário dentro do ambiente escolar.

Na Liberato, realizamos diversos movimentos sustentados pela luta feminista. No ano de 2017, realizamos a maior ação até então do Coletivo, com a denúncia de frases machistas que ouvimos todos os dias dentro da escola, divulgando-as impressas em cartazes espalhados por toda a escola. Trouxemos, neste ano, para uma palestra, a especialista em saúde da mulher e militante feminista Clarita Souza e realizamos o “I Bate-Papo sobre a Mulher na Ciência”, com a pesquisadora Márcia Barbosa, chefe do Departamento de Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Além disso, realizamos, frequentemente, rodas de debate, com pautas diversas.

A Fundação Liberato é uma escola técnica, majoritariamente masculina, tanto em número de alunos como de professores. Os cursos presentes na Fundação Liberato, com exceção do curso técnico de Química, são áreas de conhecimento com mais homens (isso não significa que as alunas do curso técnico de Química não sofram preconceito de gênero). Por esse motivo, o machismo se torna ainda mais presente no cotidiano das alunas e professoras. Assim, o Coletivo também demonstra seu valor desmistificando tabus, mostrando que a área técnica também é um espaço feminino.

Muitas vezes, somos interrompidas durante as aulas, insultadas e assediadas. Temos nossa capacidade intelectual frequentemente questionada por professores e colegas e, se nos sobressaímos como alunas, ouvimos comentários de que é uma mera questão de sorte. Sofremos com o fenômeno de “manterrupting”, quando um homem não nos permite concluir a nossa fala, nos interrompendo frequentemente. Também sofremos com o famoso “mansplaning”, quando um menino explica a nós coisas óbvias, ou do “bropriating”, quando um homem se apropria da nossa fala, levando os créditos por ela.

O Coletivo tem como principal objetivo combater a opressão e o machismo dentro de nossos espaços diários. As mulheres aproximam-se, unindo-se contra esse sistema patriarcal e opressor que nos atinge até mesmo dentro da sala de aula. Libertamo-nos dessas correntes, encontrando forças em outras meninas e conscientizando-nos de nossos direitos.

Nesses anos de Coletivo, mudamos muitas coisas na escola. Conquistamos muitas companheiras para essa luta e conscientizamos muitos homens; entretanto ainda há muito para fazer. Esse movimento é cada vez mais necessário para mudar as nossas vidas, como alunas, como técnicas e, principalmente, como mulheres.

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