Infância perdida

Narrativas elaboradas pelos alunos da disciplina de Língua Portuguesa, das turmas 1311 e 1324, do Curso de Química, da Fundação Liberato, com o conteúdo Pré-Modernista e selecionadas pela professora Elíria Maria Poersch.

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Clara era uma garota de treze anos, moradora da favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Ela vivia com a sua mãe, Marta e com o seu irmão mais novo, Igor. O pai da menina havia saído de casa quando ela e seu irmão ainda eram muito pequenos e, desde então, nunca mais o viram. Marta trabalhava como faxineira, mas não tinha condições de pagar uma escola para os seus filhos. Enquanto a mãe não retornava do serviço, Clara ficava encarregada de cuidar do seu irmão.

Certo dia, após o expediente, a mãe da menina havia voltado desesperada, pois tinha sido demitida do emprego. Como iria sustentar os seus filhos agora? Então, Marta lembrou-se de que sua vizinha havia lhe contado que a prostituição estava rendendo dinheiro no morro, principalmente, porque a maioria dos clientes eram gringos e ricos. Assim, a mulher acreditou que esta seria a única alternativa para recuperar a renda da família e decidiu que Clara deveria trabalhar como garota de programa na Rocinha.

De dia, Clara brincava com as suas amigas como qualquer garota ingênua da sua idade; à noite, frequentava a casa de prostituição. Aos poucos, a menina foi adquirindo corpo de mulher. Clara fazia o tipo perfeito para a clientela: jovem, morena e com fartas nádegas, tipicamente brasileira.

Numa manhã, após deixar uma quantia de dinheiro do seu trabalho na casa da mãe, a garota decidiu fazer um teste de gravidez, pois vinha sentindo muitos enjoos ultimamente. Infelizmente, Clara descobriu que estava grávida e não fazia ideia de quem poderia ser o pai da criança. Como iria ajudar a sua família e sustentar mais um filho? A menina decidiu fazer um aborto. Pediu ajuda para uma de suas amigas que lhe indicou uma clínica clandestina na favela.

Após a operação, o “enfermeiro” disse à Clara que ela logo iria se sentir melhor, porém, a garota passou a piorar com o passar dos dias. Então, descobriu-se que ela havia adquirido uma infecção e, apesar de ter sido levada ao hospital, acabou falecendo.

Julia Paim da Luz

Julia Paim da Luz

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