Meus passos rápidos me conduziam, mais uma vez, a conviver com as majestosas árvores que constituem uma das riquezas do Parcão, em Porto Alegre. O perfume no ar já anunciava a chegada da estação mais querida dos frequentadores do parque. As flores traziam o encanto que até o azul do céu podia contemplar.
De repente, passei a perceber o que não via. A árvore frondosa que estava na minha frente, por um segundo, se unia a outra que estava em sua direção. Mas, eram árvores de portes e espécies diferentes !
Perplexo, passei a lembrar o que aprendi num dos teoremas da geometria plana, nas aulas de Matemática: “Por dois pontos quaisquer no espaço, no mesmo plano, pode passar somente uma reta”. Aí, pensei: Os pontos pertencem à reta. Logo, devem ter as mesmas características.
Voltei a considerar as árvores que estavam em linha reta e percebi que, embora diferentes, tinham inúmeros pontos em comum.
Passei a pensar nas semelhanças: estavam no mesmo parque; trabalhavam juntas para purificar o ar que respiramos; nos brindavam com o perfume de suas flores; nos abrigavam, nos dando sombra e momentos agradáveis sob a sua proteção; eram seres vivos que, como nós, acompanhavam as mudanças climáticas que afetavam a todos; mostravam, de sua maneira, seus encantos, formas e cores; marcavam a sua posição, defendendo o seu direito de viver e eram testemunhas das promessas, dos sonhos, dos gestos de carinho e de amor, que homens, mulheres e crianças deixavam acontecer.
Quando percebi tantas semelhanças entre árvores tão diferentes, uma emoção estranha tomou conta de mim: existia união até mesmo nas diferenças.