O espaço físico escolar possui grande importância para as aulas de Educação Física, uma vez que este é primordial para as práticas corporais e consequente fortalecimento e desenvolvimento da cultura corporal.
Nessa perspectiva, pensar, planejar e organizar especialmente de maneira correta a infraestrutura da escola pode contribuir para um aprendizado diferenciado. Segundo a LDB, lei 9.394 de 1996, de diretrizes e base da educação brasileira, a Instituição de Ensino tem o dever de garantir “padrões mínimos de qualidade de ensino definido como a variedade e quantidade mínima, por aluno, de insumos indispensáveis ao desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem”.
A Educação Física encontra-se atrelado a essa problemática. Uma escola com restrições de uso das instalações esportivas pode contribuir para criar, no imaginário do aluno, um esquecimento e/ou desvalorização da disciplina dentro da escola, como se não fizesse falta para a sua formação.
Cabe salientar, que o espaço físico desportivo adequado para as aulas que nos referimos é algo muito mais amplo. É um espaço facilitador para a busca do senso crítico e da autonomia corporal, capaz de possibilitar ao educando formas de expressão da sua cultura corporal de movimento. Diferentes autores comentam que quanto à questão do espaço adequado, o tratamento ao conhecimento nessa área, articulado à organização do tempo, exige que na escola se construam espaços diferenciados com relação às outras disciplinas.
Por isso, os professores de Educação Física da escola estão sempre procurando a manutenção e a melhoria desses espaços. Embasados pelo Projeto Político-Pedagógico da Instituição, ressaltando a importância da disciplina dentro da escola e evidenciando as várias possibilidades para aplicar os conhecimentos e conquistar os objetivos planejados antecipadamente.
Lembremos que a Educação Física deve ser encarada a partir dos benefícios que pode trazer ao desenvolvimento humano, na contribuição para a formação biopsicossocial. Ela é uma linguagem, um conhecimento universal, patrimônio da humanidade que igualmente precisa ser transmitido e assimilado pelos alunos da escola. Assim, a sua interrupção poderia impedir que os alunos e a realidade fossem entendidas dentro de uma visão de totalidade. Com isso, a disciplina poderá ter um aspecto reducionista em termos de conteúdos, sendo obrigado, a excluir certas atividades que necessitem de espaços adequados para as aulas, prejudicando dessa forma o pleno desenvolvimento do educando.
Considerando a hipótese de a disciplina ficar sem espaços adequados para as suas práticas, as mesmas tendem a se tornar desmotivantes, acarretando uma fuga dos alunos, ou seja, buscariam suprir suas inquietações motoras e afetivas em outros espaços. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) do Ensino Médio (1999), “o educando vem, paulatinamente, se afastando das quadras, do pátio, dos espaços escolares e buscam em locais extraescolares experiências corporais que lhe trazem satisfação e aprendizado (…)”. É importante salientar que a busca por práticas externas aos muros da Instituição não pode ser considerada ruim, no entanto, a base para o desenvolvimento educacional dos alunos se dá na escola com aulas fundamentadas e planejadas por professores para esse fim.
Outro ponto essencial a ser explicado é que as aulas de Educação Física na escola são apreciadas pela maioria dos alunos que se encontram na fase do desenvolvimento humano denominado adolescência. Nessa fase da vida, o aluno sofre grandes transformações de ordem física, cognitiva e psicossocial. Período repleto de contestações, de rebeldias, de indignações.
Na adolescência, meninos e meninas, sofrem profundas transformações físicas: rápido crescimento em altura e peso, alterações nas proporções e formas do corpo e a maturidade sexual; sendo que essas transformações ocorrem em momentos diferentes para os dois sexos.
Nessa fase, ainda ocorrem modificações no pensamento do adolescente, caracterizado por uma maior autonomia e rigor de raciocínio. Outro fator é a formação da identidade, a construção da personalidade. Vários questionamentos surgem com relação ao seu corpo, aos valores existentes, às escolhas que deve fazer, ao que se exige dele, ao seu lugar na sociedade.
Dessa forma, podemos verificar que a Educação Física, como parte integrante da escola, tem a sua colaboração na construção do ser humano em desenvolvimento. Este aluno que frequenta o Ensino Médio necessita de uma Educação Física, com espaço adequado, que possa, através de seus conteúdos, das atividades desenvolvidas, colaborar na formação de sua personalidade e de sua participação ativa na sociedade.
Com relação à motivação dos alunos nas aulas e atividades esportivas, verifica-se que conduzir uma aula em que todos estejam satisfeitos, felizes e motivados uma tarefa para poucos, uma vez que a motivação depende de uma série de fatores: internos e externos.
Como fatores internos podem ser citados: a necessidade, a atração e a disposição. A necessidade se refere à necessidade de se fazer algo, pois emerge da natureza intrínseca da pessoa, já a atração e a disposição para realizar tal evento é o que vai tentar satisfazer tal necessidade.
Dentre os fatores externos que influenciam na motivação das aulas de Educação Física, os principais são: o professor e a metodologia utilizada, o conteúdo aplicado, o relacionamento do professor com a turma e a estrutura da escola, entre outros fatores específicos.
É necessário perceber a importância da Educação Física dentro do contexto escolar, onde a mesma através de movimentos em todos os eixos trabalhados: jogos, esportes, danças e ginásticas desenvolvem não só uma cultura corporal, que é de extrema importância, mas também um indivíduo capaz de exercer sua cidadania com respeito mútuo, crítico e com consciência sobre sua própria qualidade de vida que será levada também fora da vida escolar.
Podemos apontar para a questão do espaço físico e das instalações desportivas, como fatores que podem comprometer de modo significativo o trabalho pedagógico da Educação Física. Numa reflexão mais ampla sobre o ensino da Educação Física, podemos constatar outros aspectos que também trazem limitações: o valor social atribuído à disciplina, a atuação do professor, a organização administrativa da escola, entre outros. Identificamos, nos limites deste texto, a necessidade da Educação Física refletir constantemente em torno de seus objetivos, pressupostos teóricos, limitações e possibilidades, uma vez que a sociedade em que estamos inseridos nos apresenta novos desafios.
Ao defender a Educação Física na escola, sem interrupções ao longo do ano, atribuímos a ela papéis e objetivos, sejam eles voltados para à melhoria da qualidade de vida e saúde, para o desenvolvimento motor ou para a apreensão da cultura corporal. Dessa forma, há necessidade de atentarmos para a problemática das condições do trabalho docente, para que superadas as deficiências estruturais (materiais, do espaço físico e de instalações com qualidade), e alcançado seus propósitos, a Educação Física consolide sua importância no âmbito da educação.
Acreditamos, portanto, que, ao dar a necessária atenção ao espaço físico desportivo da escola, continuaremos com a significativa melhoria no ensino de Educação Física, que vem ocorrendo desde a inauguração do Novo Ginásio, pois são nesses espaços que a elaboração do conhecimento, a criatividade, a formação crítica e os objetivos traçados pelos professores continuarão a tomar forma, como vem sendo desenvolvido.
Precisamos continuar dando opções, na área da cultura corporal, aos nossos alunos, visto todos os benefícios que essas atividades desportivas, vêm proporcionando à comunidade escolar, para além das aulas de Educação Física. Atualmente, percebemos uma grande participação da comunidade escolar nos esportes, fazendo com que utilize o seu tempo saudavelmente, proporcionando uma verdadeira educação integral.
Marlon Luis Lucchini, Rosélia da Silva,
Gabriel Soares Ledur Alves, Sheila Crisatiane Schwendler.
Professores de Educação Física da Fundação Liberato.