À Rivalidade ou à Solidariedade

Apenas R$ 5,00 estavam sobre a cômoda. Faltavam R$ 7,00. Virei a caixa de moedas sobre a cama. Separei vários cinquenta centavos e completei mais R$ 5,00. Recolhi os de vinte centavos, alguns de dez e um de cinco centavos, mas ainda faltava R$ 1,00. Onde encontrá-lo? Na bermuda que sempre uso para caminhar? Na pressa, ao pegá-la, veio também a calça. Surpresa! Do bolso caíram moedas. Completei, assim, os R$ 12,00 para comprar a camiseta que usaria para a CORRIDA PARA VENCER O DIABETES, ali no Parcão.

Na PANVEL que, segundo a ZERO HORA, estava vendendo as camisetas, havia uma enorme fila. Aguardei por uns vinte minutos. Ao ser atendido, qual a minha surpresa, só havia camisetas XGG. As jovens, muito atenciosas, pediram para que eu aguardasse, pois, em 5 min. chegaria uma nova remessa. Esperei mais uns 15 min. Pensava, tenho que participar da corrida. Se houvesse camisetas só do colorado? Usaria? Uma senhora, com quem conversava, disse que trocaria uma camiseta G por uma média. Não percebi a oportunidade. Um casal que estava a meu lado se ofereceu para comprar. A senhora olhou para mim e disse: -Quem não se comunica! Pedi para uma das atendentes da PANVEL segurar uma camiseta para mim, quando chegasse.

Fiz uma corrida de três voltas ao redor do Parcão para esquentar. Voltei para pegar a camiseta. Infelizmente, aqui não tem mais, mas lá junto aos estandes da corrida podes encontrá-la. Como já estava embalado, fui correndo até ao estande da organização. Camisa G só do INTER. O fato de ter a camisa para mim foi uma dádiva. Já não interessava de quem era o time. Eu poderia participar. Fiz umas caretas na hora em que colocava a camiseta por cima de todo o abrigo. Deixa pra lá. Tudo é festa. Na corrida encontrei o casal e disse que tive que comprar a camiseta do INTER. A jovem disse: – Eu não colocaria. – Eu coloquei, mas, hoje ganharemos o GRE-NAL. Assim, eu concordo.

Empolgado, queria registrar tal feito. Pedi a uma jovem se ela me faria a gentileza de tirar uma foto com o seu celular. -Meu celular é muito fraquinho. A foto não vai ficar bem. Agradeci. Como resolver esse problema? Por uns segundos olhei nas mãos dos que estavam ao meu lado. Percebi que estava tendo atitudes suspeitas. Fui, então, ao estande da organização. Mostrei que queria ter uma lembrança desse acontecimento. Prontamente uma jovem tirou uma foto e me mostrou.

Suado, feliz, e cheio de energia, mesmo com a camisa do meu time rival, pude saborear bananas, bergamotas e água mineral, gentilmente oferecidas pela magnífica organização do evento.

Contrariei um dos princípios básicos que alimenta a rivalidade dos nossos times por um princí­pio mais nobre que alimenta os nossos corações: a solidariedade.

Agora, refeito e tendo festejado a conquista da medalha no 13ª CORRIDA PARA VENCER O DIABETES, deixo os meus parabéns para aqueles que, com suor e sangue, conseguiram promover esse evento magní­fico.

Deixei de participar do sorteio de uma bicicleta, porque, empolgado, não me lembrei de olhar o número 1945, inscrito no verso da medalha.

Porto Alegre, 15 de maio de 2011

Alberto Dal Molin Filho, Professor da Fundação Liberato

Alberto Dal Molin Filho, Professor da Fundação Liberato

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