Minha Casa

Quando deixo minha casa,

E o corpo cruza por outros lugares,

Tenho a impressão

De que ela não é minha.

Às vezes, tenho a sensação

De que estou lá

Só de passagem,

É como se a alma não habitasse…

Quando deixo minha casa,

O tempo me leva para outro lugar,

Um lugar povoado de saudades,

Uma saudade doída,

Mas terna…

Saudade daquele tempo

Em que brincava de bonecas

E o sapatinho abandonado no quarto

Era apenas um pezinho

Que trilhava em direção ao futuro…

Do abandono de meus brinquedos,

Do atira o pau no gato à  canoa virou,

A menina franzina sonhava

E do sonho, salpicado de esperança,

Nascia a vontade de ser grande

Poder ir ao cinema sozinha,

E andar pelas ruas do bairro e da cidade

Feito gente grande, dona do nariz…

Hoje, vejo que tudo aconteceu tão de repente,

Que minha casa é só minha,

Mas quando deixo minha casa,

Sinto que os dedos dourados do futuro

Deixam escorrer o tempo

E a menina que ainda

Existe dentro de mim

Só quer mais um colo,

Um único colo onde possa

Abrigar o corpo e a alma,

Como se minha existência

Pudesse reinventar

A alegria de viver

No calor inebriante

Da vida…

Quando deixo minha casa…

Marlise Cornelius Professora da Fundação Liberato

Marlise Cornelius
Professora da Fundação Liberato

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