Havia tempos em que eu não ia a um mercado. Peguei, então, uma nota de cinco reais, mergulhei no bolso da calça e caminhei até uma padaria próxima, após minha mãe gritar que precisava de um pote de margarina. Sábado, lá em casa, é normalmente assim: após uma semana de trabalho – inclusive para mim, que agora estagio na escola -, todos querem sombra, água fresca e um pouco de distração. Pois o que entretém a minha mãe é a cozinha, quando se sente um pouco o “Annonymus Gourmet”.
Há tempos, também, que venho pensando no que deixaremos, como sociedade e de modo individual, às gerações que nos sucederem. E, assim, faço todos os dias um exercício de observação dos meus – e dos nossos – atos, monitorando desde a quantidade de folhas de caderno que uso como rascunho, como os guardanapos que consumimos em excesso no McDonald’s e o que gastamos de água, por exemplo, num simples escovar de dentes.
Mas foi na padaria, que também é um mini-mercado, perto da minha casa, que notei, verdadeiramente, que brincamos com o meio ambiente. Não tenho ido a esse tipo de estabelecimento justamente pelo fato de não ter mais tempo e não estar em casa durante o dia, porém, conheço – e você também conhece – uma história mais ou menos assim: alguém chega, seleciona um determinado produto, enfrenta uma fila de pessoas que estão lá pelo mesmo motivo (como ocorreu comigo hoje), paga, quando chega a sua vez, e vai embora, satisfeito, apesar de, talvez, um pouco irritado com a demora do atendimento. Tal narração, no entanto, é superficial: alguém está lá justamente para satisfazer mais ainda nosso desejo voraz de comprar, de modo que não tenhamos desconfortos ao conduzir até o carro, por exemplo, um saco de arroz ou a carne para o churrasco de domingo: o empacotador põe a nossa compra em uma, duas, três sacolas, como foi o caso que vi hoje. Infelizmente, por comodismo, há falta de bom senso com aquilo que nos é mais preciso e que desdenhamos em atitudes como essa: será mesmo que não deveríamos nos perguntar o preço (como fazemos todas as outras vezes) que o meio ambiente paga para levarmos para casa tantas sacolas plásticas? Seria justificável gastar tantas sacolas simplesmente para arrastar uma mercadoria até o carro em frente à loja?
Refletir. Esse ato, sim, não custa a nenhum de nós e, com certeza, nos faz mais gente. Mais gente que pensa, que valoriza e que preserva o próprio habitat. Não digo para vestirmos a camisa do Greenpeace e protestar pelas ruas, apesar de entender que isso valha à pena. O caminho para a solução pode estar mais próximo de nós do que nossa percepção é capaz de notar. Reitero que há uma necessidade de raciocinar, até mesmo quando se vai a uma padaria para buscar um pote de margarina. Alguém disse que é na obviedade que estão as grandes atitudes, mas será esta reflexão uma grande atitude se for mais um ato isolado? Definitivamente não.